Miss Branca: Na pele de quem?

Na pele de quem?

Hoje apresento-vos a Mariana. Uma mulher de trinta e poucos anos, que trabalha numa empresa de sonho para qualquer mulher a L'oreal. 
Já foi por duas vezes a Cannes e já privou com algumas das mulheres mais bonitas e mais influentes do mundo!
Das pessoas mais profissionais que conheço e das mulheres mais dedicadas ao trabalho com quem já me cruzei. 
Gira, simpática, divertida, inteligente e com um enorme sentido de estética.
Acho que vão gostar de a conhecer um bocadinho melhor, conhecer o mundo onde trabalha e até aproveitar os conselhos que ela tem para partilhar.

                                       

 Trabalhar numa multinacional com tanto destaque e com tanta concorrência é difícil ou faz-se bem?

Mariana- É um desafio que faz bem a todos os profissionais, em qualquer fase da sua carreira. O ambiente de uma multinacional é muito dinâmico, muito exigente e muito orientado para resultados. A responsabilidade é enorme. No meu caso, nunca tinha trabalhado em ambiente multinacional e tive obviamente um momento de choque inicial, mas foi um choque bom, que me obrigou a evoluir e a dar um salto profissional muito grande. Hoje em dia faz-se bem.

Trabalhas no mundo de sonho de muitas mulheres, o que significa para ti trabalhar nesse mundo?

Mariana - Um mundo de sonho para muitas mulheres! tanto para as consumidoras, como também para todas as mulheres que trabalham na Loreal. Claramente encontrei uma característica comum nas mulheres lorealistas. São mulheres com muita garra, resilientes, que não acreditam em impossíveis, sonhadoras. Eu identifico-me com estas características. Para mim, trabalhar na L’Oréal é a concretização de um sonho, de uma realização pessoal e profissional. Cruzo-me diariamente com várias mulheres, quer a nível profissional, quer pessoal e são poucas as que se sentem realizadas no trabalho. Eu acordo todos os dias entusiasmada com os desafios, que todos os dias são novos. Acordo e deito-me todos os dias com um sorriso na cara, pois faço exactamente aquilo que gosto. Sinto-me previligiada. No entanto não escondo que me sai do pelo ;)

Como encaras a beleza.  

Mariana - A beleza mais importante é a interior. Uma mulher que esteja feliz consigo própria erradia uma luz diferente. Habitualmente essas pessoas distinguem-se à distância. No entanto tem graça pensarmos que a auto-estima também aumenta quando cuidamos de nós. A beleza interior depende também da beleza exterior. Não digo que temos de obedecer a padrões de beleza instituídos... Falo de outra beleza, a beleza cuidada. Investir tempo para cuidar de nós, também nos ajuda a sentir mais confiantes. Ter o cabelo arranjado, as mãos hidratadas com manicure feita, a pele hidratada... Encaro a beleza nestas duas vertentes que dependem e se influenciam uma à outra. 

Tento por isso ser fiel a mim própria, fazer exercício, garantir momentos com família e amigos, momentos para namorar ;). Garantir que no trabalho faço tudo da forma mais honesta possível e mais justa, tudo isto para manter a minha beleza interior. Por outro lado sou vaidosa, gosto de me arranjar, tenho muito cuidado com a minha pele... Sou incapaz de me deitar sem limpar e hidratar a pele. Impensável vir trabalhar sem estar maquilhada. Arranjo as mãos uma vez por semana, às vezes tenho tempo para ir a uma manicura, outras vezes faço eu mesma.

Achas que a aparência é importante?

Mariana - A definição de aparência no Dicionário Português é a seguinte: aspecto exterior pelo qual se julga pessoas ou coisas; aspecto exterior de uma coisa, considerado diferente do que essa coisa realmente é; ilusão; disfarce.
Trabalhando em comunicação, seria impensável dizer que a aparência não é importante, no entanto não é o factor chave. A Sociedade tem muitos códigos instituídos, normas quer comportamentais quer de aparência. Não digo que estes estejam certos, sejam justos ou façam sentido, muito pelo contrário. Não devemos tirar conclusões pela aparência…
No entanto mais uma vez, a aparência deve respeitar a nossa personalidade e deve ser o mais fiel possível a nós mesmos. Pois se assim for, independentemente das interpretações feitas, ficamos confortáveis na nossa pele. No que respeita por exemplo o mundo da beleza, a aparencia ganha maior relevância, pois é importante dar o exemplo, mas sempre de acordo com os nosso estilo próprio.

 Sentes que o facto de teres trabalhado num mundo mais masculino e com pessoas com altos cargos te deu uma "bagagem" diferente para enfrentares um mundo tao competitivo?

Mariana - Estás a falar da minha experiencia da LPM com a REN e o mundo da engenharia?! Todo o meu percurso tem sempre acrescentado bagagem, isto porque nunca saí da área da comunicação e marketing. Quando tenho tempo para parar e olhar para trás, realizo que percorri todos os campos da comunicação. Já fui jornalista de imprensa, de TV, já trabalhei comunicação corporativa e comunicação comercial dentro de uma empresa de meios de comunicação, já trabalhei public affairs, comunicação financeira, tecnológica, de serviços, de produto. Implementei, adaptei e continuo a adaptar a comunicação aos novos meios e canais = Digital. Agora estou no mundo da beleza.
No entanto se tiver de destacar, destaco sem dúvida a experiencia que adquiri na TVI, na LPM com a REN e na L’Oréal. Especificamente sobre a REN, a experiencia foi consideravelmente diferente, no sentido em que era a única mulher, num mundo definitivamente masculino. Acrescento num mundo de engenheiros. O Desafio era gigante. Só de imaginar trabalhar a comunicação de uma empresa que não tem publico nem clientes, é por si só, um quebra-cabeças. Todos entendem a importância e necessidade de uma EDP, todos entendem o que a empresa faz, nem que seja porque no fim do dia, pagamos a conta. Em relação à REN, ninguém entendia o que a empresa fazia, ou porque existia. Ora entre muitas outras coisas, se não houver REN a transportar a energia em alta tensão, não há EDP a distribuir energia até à casa das pessoas.
Foi engraçado trabalhar neste mundo mais masculino e de engenheiros, fiquei a gostar ainda mais da área de engenharia. Os engenheiros são muito racionais e práticos, abraçam a comunicação e a nossa consultoria sem resistências. Valorizam a comunicação como poucas empresas e profissionais de outras áreas valorizam. Utilizaram a comunicação como ferramenta de trabalho cientifica. Por outro lado, na altura tinha 27 anos, sentia-me uma miúda a aconselhar uma estratégia de comunicação a Engenheiros, com muitos mais anos de experiencia que eu. Fiquei surpresa com a forma como me ouviam, respeitavam e valorizavam as minhas opiniões. Questionavam obviamente algumas das soluções que eu e o meu director apresentávamos, no entanto quando as compreendiam eram muito práticos e rapidamente apoiavam e abraçavam os projectos a 100%. Trabalhar com os engenheiros da REN foi sem dúvida uma experiencia que me deu bagagem, talvez das maiores e com mais peso no meu percurso profissional. Pelo que aprendi com estes profissionais, e pelos desafios de comunicação de crise e public affairs aos quais fui submetida e triunfei. 

Conciliar a profissao e a vida familiar é tão dificil hoje em dia. Tens alguma dica ou conselho?

Mariana - Tenho sorte de ter um exemplo familiar destronável: Os meus pais. São casados desde os 19, fizeram a semana passada 35 anos de casados. Ainda namoram e são apaixonados um pelo outro. Há muitos anos que trabalham juntos… e dão-se bem no trabalho também.
Quando toca a conciliar a profissão e a vida familiar tenho como modelo os meus pais. Nunca foram egoístas, e quando necessário foram altruístas em função do sucesso e felicidade do outro. Ou seja para mim saber conciliar profissão e família passa por definir objectivos e metas comuns. O meu pai foi piloto profissional 3 vezes consagrado campeão de motocross, a minha mãe era educadora de infância. Decidiram que sustentariam esta situação até aos 30 anos de idade. A partir daí iriam construir um negócio em conjunto. Dito e feito.
Fiquei formatada por este exemplo, para mim é fundamental ter as expectativas alinhadas e quando necessário saber abdicar de algo em função do outro ou em beneficio de ambos. Aos meus olhos tudo passa por trabalho em equipa, quase como se fosse um ecossistema que vai compensando quando necessário. Ainda não sou mãe e por isso tenho pouca credibilidade no que toca a dar opinião relativamente a conciliar, marido, filhos, profissão. No entanto tenho bem claro na minha cabeça que quero ser uma mãe presente e se algum dia sentir que a minha profissão/carreira me impede disso, prefiro deixar a carreira de parte por uns tempos, arranjar um part-time….   lá está, nesse momento terei de contar com o meu marido para reequilibrar o “ecossistema”. No entanto actualmente trabalho numa empresa que respeita muito as mulheres e a maternidade.

Pessoas que te inspiram?

Mariana - Por mais estranho que possa parecer as pessoas que me inspiram são anónimos e um ou outro conhecido.
A minha colega que descobriu recentemente que a mãe tem cancro e consegue continuar a ser uma excelente colega, profissional, amiga, sempre com um sorriso na cara. Os meus pais que emanam amor e cumplicidade, e que já foram postos à prova com vários e sérios desafios, ultrapassando-os sempre, e saindo destes problemas ainda mais fortes. O meu marido que é um excelente médico e ser humano. Uma amiga que largou um emprego fixo e bem remunerado para perseguir um sonho. Podia continuar… são estas as pessoas que me inspiram. Conhecidas, tenho de destacar o Cristiano Ronaldo. Pela sua inquestionável força de vontade e resiliência.

O melhor e o pior de trabalhar num mundo feminino e de beleza?

Mariana - O melhor: As mulheres estão cada vez mais exigentes e por isso o desafio de trabalhar neste mundo é cada vez maior. Eu adoro desafios.   Também é bom trabalhar com estes produtos em especifico, são o sonho de qualquer mulher.
O pior: Muitas mulheres juntas, falam muito, falam por cima umas das outras, gritam,  (incluo-me nelas )… às vezes cansa.

Sentes-te uma mulher realizada ou ainda tens muito para fazer?

Mariana - Ainda tenho muito para fazer, quer a nível profissional quer a nível pessoal.

Que conselho darias as raparigas que estão a iniciar as suas carreiras?

Mariana - Vou dar dois:
1 - O mundo precisa de pessoas resilientes para avançar. O meu conselho passa por pedir que não desistam de Portugal nem de perseguir os vossos sonhos. Pode demorar anos, ou até uma década. Não desistam. Quem faz o que gosta é sempre melhor profissional, pessoa mais realizada e feliz. Se tens o sonho de ser médico, mesmo que tenhas 38 anos não desistas, nunca é tarde!!! Tudo se faz. Há muitas barreiras às quais nos vamos submeter para desistir da ideia maluca de ir tirar medicina aos 38 anos, mas nada é impossível. Conheço uma pessoa que conseguiu.

2 – A maioria das pessoas junta dinheiro para ir viajar. Porque não juntar dinheiro para conseguir um estágio na empresa de sonho. Procurem essas oportunidades, elas existem. Deixem de ser comodistas, arranjem emprego a servir cafés no país em causa. Para quem adora moda, ou beleza, porque não bater à porta das melhores marcas e pedir um estágio. Usar o dinheiro que juntaram para se sustentarem no país onde está essa marca. Depois voltem para o vosso país de origem com a experiencia no CV que vai valorizar e destacar-vos dos demais. Queiram sempre mais, procurem sempre mais…


Obrigada Mariana, um grande beijinho!

Instagram @RITABRANQUINHOF


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